terça-feira, 17 de setembro de 2013

Chegadas e Partidas


Quadro " O VELEJADOR" da Artista Plástica Iguaçuense - Fadua Fakih, que gentilmente cedeu a imagem para esta postagem



Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. 

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
       
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. 
          
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi.
          

Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
          
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.
          
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
          
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.
          
E talvez, no exato instante em que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro. 

 Assim é a morte. 

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi. 

Terá sumido? Evaporado? 

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
          
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.
          
Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
          
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: Já se foi, no mais Além, outro alguém dirá feliz: Já está chegando.
          
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
          
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
          
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
          
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
          
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.




Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais de
Victor Marie Hugo, do livro A reencarnação através dos
séculos, de Nair Lacerda, ed. Pensamento